segunda-feira, 25 de maio de 2009

Drummond: Passagem da Noite

É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.

Mas salve, olhar de alegria!
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos!
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!

DG

quinta-feira, 30 de abril de 2009


Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Figurino do Guia


Montagem de imagens que irão inspirar o figurino do Guia.

terça-feira, 14 de abril de 2009

DESERTO


É símbolo dionisíaco do cepticismo, da ausência de alegria e de vida, do objetivismo vulgar. É naturalmente polissignificável, pois simboliza abandono, solidão, descrença, renúncia.

Assim Falava Zaratustra . Nietzsche

villas-boas

terça-feira, 24 de março de 2009

O Guia revela que a verdade do si não é imutável, e portanto, a sociedade não é imutável.


O guia percorre persistentemente o aprendizado do caminho mundano e, por isso, não se resguarda apenas ao angélico. Com raízes profundas em seus pés, ele se mostra entendedor da perspicácia necessária para sobreviver a travessia do rio, a travessia do grande medo, e assim, confrontar-se com a solidão imensa do deserto, do si. A morte chega com a quebra de crenças que não podem se cristalizar nunca, pois assim imutável, nunca se poderá expressar uma verdade evolutiva e um renascimento para um novo ciclo de descobertas.

Pola Neves

domingo, 22 de março de 2009

Cule

Representante da camada social mais baixa, a trabalhadora, que faz com que a máquina da sociedade funcione. Com o desconhecimento, fato inerente à sua posição, vive à margem de pensamentos capitalistas onde o lucro determina o caminho a seguir.
Um personagem que se encanta com coisas simples, seu propósito de vida é poder cuidar e estar junto da sua mulher e filho. Com um pensamento quase que religioso, acredita que o sacrifício o levará a compensação e salvação. Incapaz de fazer o mal conscientemente e muito menos de arquitetar uma vingança, o que torna sua morte de grande importância para exaltar tamanha desumanidade com o próximo. O medo do mutável. Medo que um novo paradigma ameaçe a ordem vigente.

DG

quinta-feira, 12 de março de 2009